O Comitê Seleto da Câmara do Partido Comunista Chinês, chefiado pelo deputado Mike Gallagher (R-WI), reuniu-se recentemente com vários executivos de estúdios de Hollywood para discutir os vários relacionamentos de suas empresas com a China. De acordo com Gallagher, essas reuniões mostraram que os estúdios de Hollywood continuam temendo reações do governo chinês.
Em entrevista com Prazo final, Gallagher afirmou que uma das questões que o surpreendeu foi que “ainda existe um medo genuíno de represálias em Hollywood”. Quando Gallagher perguntou aos executivos do estúdio se eles reconheceriam ou não publicamente o genocídio uigur ocorrido em Xinjiang nas mãos do governo liderado pelo Partido Comunista, todos eles expressaram que não estariam dispostos a revelar seus pensamentos sobre o assunto. “Eles sabem que não seria apenas a China retaliando contra aquela produção de filme em particular. Eles retaliariam contra todo o estúdio e tentariam fazer com aquele estúdio o que fizeram com vários atores que apoiaram a causa tibetana em do passado, como, por exemplo, Richard Gere e outros.”
Filmes de Hollywood retornam à China
Começando no auge da pandemia de coronavírus (COVID-19) e no centenário do Partido Comunista, houve uma mudança cultural generalizada em toda a China, moldada pelo PCCh e seu foco em promover sentimentos nacionalistas e lealdade ao Partido Comunista. Como resultado, os cinemas exibiram filmes de propaganda, projetos produzidos internamente e praticamente baniram os lançamentos de Hollywood. A proibição já foi suspensa, com lançamentos como Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, Shazam! Fúria dos Deuses e, mais recentemente, O filme Super Máriogarantindo um lançamento na China.
Houve relatos no início deste ano sugerindo que os executivos de Hollywood esperavam que o retorno do CEO da Disney, Bob Iger, ajudasse a aquecer o relacionamento entre os estúdios e a China. Embora alguns atribuam a Iger a recuperação do acesso ao mercado chinês, a Disney afirmou recentemente que o momento do retorno de Iger como CEO e o retorno da Disney à China é mera coincidência.
Hollywood exporta as políticas de censura da China
Iger foi uma das figuras que se reuniu com Gallagher e o comitê e discutiu o padrão de autocensura que a Disney e Hollywood desenvolveram nas últimas três décadas, em um esforço para manter maior acesso ao mercado chinês. Iger teria admitido que, quando se trata de atender a solicitações culturais ou políticas, é um julgamento de valor e nem sempre acerta.
A questão da autocensura resultou em estúdios de Hollywood sob imenso escrutínio. Políticos, ativistas e outros acusaram esses estúdios de permitir que o governo chinês exportasse seus valores e políticas por meio da censura ou de certas representações presentes em títulos recentes. Por exemplo, Dreamwork Abominável e da Sony Desconhecido ambos foram criticados no Sudeste Asiático por incluir a “linha de nove traços”, que as autoridades chinesas têm pressionado como forma de minar as reivindicações territoriais das nações vizinhas. Além disso, a Disney mulan foi criticado por filmar em Xinjiang, onde o governo chinês foi acusado de cometer genocídio contra a população uigur.
Fonte: Prazo final